“Um futuro ancorado no passado e presentificado em dança vigorosa.” – Carlinhos Santos
“Pretérito Imperfeito” faz alusão ao tempo verbal enfatizando a idéia de que as lembranças do passado se reverberam no presente. A Cia utiliza-se do espetáculo para apresentar suas memórias e lembranças, depois de muito investigar e refletir sobre sua trajetória.
O público participa e alimenta o espetáculo compartilhando o que jamais irá esquecer, em pequenos pedaços de papel, bilhetinhos que são incorporados à cena.
O espetáculo teve como primeira inspiração a leitura do livro “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes”, do filósofo francês Andre Comte-Sponville. Em seguida, caminhou pela mitologia grega, na qual a Dança se apresenta como filha da Memória. Laboratórios de poesia e de música erudita brasileira contribuíram para que o diretor artístico Jomar Mesquita harmonizasse a trilha sonora, a fala, cenário e luz às pesquisas corporais desenvolvidas em conjunto pelos bailarinos, gerando mais um trabalho surpreendente da Mimulus Cia de Dança. A trilha sonora é composta por músicas instrumentais brasileiras, indo do erudito ao popular.
Tempo verbal utilizado para a descrição de fatos passados não concluídos inteiramente (“imperfeitos”). Se o que nunca vamos esquecer se faz presente em nós todo o tempo, o passado não chegou perfeitamente ao seu final. Pois somos feitos pelas memórias, pelos pretéritos não concluídos, pelas lembranças que, como janelas, se abrem, iluminam e modificam a realidade.
E sobre essa urdidura tênue de lembranças e vestígios, o espetáculo se constrói. Presentifica de tal forma as pequenas e grandes memórias, que ele próprio se modifica em cada uma de suas apresentações. Pela presença do corpo de cada um dos bailarinos, pelas lembranças dos espectadores registradas no cenário, faz-se a história da própria Mimulus.
Lembrar-se do que nunca foi esquecido é matéria e consistência do ser humano, que produz em cada geração a repetição e a elaboração das mesmas experiências. Então, a qual desesquecimento amarra-se um laço no dedo?
“Nessa diversificada e inteligente construção coreográfica, Jomar Mesquita e os bailarinos da Mimulus acertam o passo com a inventividade. Então aquele lacinho amarrado no corpo serve para lembrar, repita-se, da contribuição da companhia para a elaboração de uma linguagem ímpar no contexto e na trajetória da dança contemporânea brasileira.”
“Um futuro ancorado no passado e presentificado em dança vigorosa.”
“Ao revisitar sua trajetória, a Mimulus traz à cena uma de suas principais contribuições à dança contemporânea brasileira: reorganizar as informações da dança de salão em diferentes contextos, com a ajuda das muitas possibilidades e técnicas que a linguagem da dança oferece, incluindo do clássico às habilidades do jogo circense.”
“Nessa perspectiva, como memória é seleção de fatos a serem reafirmados como história, há também uma hábil seleção de engates corporais, saídas inusitadas, repetições de gestos e aberturas de vetores inusitados que desconstroem (o verbo é imperioso) as convenções dos bailados de salão. Em vários momentos da obra, com a ajuda da iluminação, é como se o público espiasse pela janela estas frestas do tempo codificadas em movimentos hábeis, em engenhosas imagens dos tantos bailes da vida, em diálogos dançados à boca de cena.”
“As colunas e os jogos de movimentos de mãos e braços mostram as engenharias possíveis para o gesto dançado, arejando ainda mais a perspectiva dessa confluência de diferentes sensações provocadas pela companhia: do riso às nuances do drama, tudo flui com habilidade e reverbera.”
Carlinhos Santos – jornalista cultural, crítico de dança, especialista em Corpo e Cultura e Mestre em Educação – Portal do Festival do Triângulo.
“Desde os anos noventa, a Mimulus Cia de Dança vem priorizando uma proposta singular de retomada do tradicional repertório das danças de salão mas sempre com o olhar armado na contemporaneidade.”
“Em seu lastro original da mineiridade, a sua base de apoio é Belo Horizonte, de onde vem irradiando seu ideal coreográfico de redescoberta inventiva de uma dança popular de raízes brasileiras.”
Wagner Correa de Araújo – jornalista especializado em cultura, roteirista e diretor de programas de tv, critico de artes cênicas – Escrituras Cênicas.
Teve sua estreia em 2014 e recebeu os seguintes prêmios:
Direção Artística:
Jomar Mesquita
Coreografia:
Jomar Mesquita e Bailarinos
da Mimulus Cia de Dança
Bailarinos:
Juliana Macedo
Jomar Mesquita
Andrea Pinheiro
Rodrigo de Castro
Fabiana Dias
Alexandre Tadra
Lorena Horta
Murilo Borges
Assessoria Artística:
Mário Nascimento
Tíndaro Silvano
Assessoria Cênica:
Ernani Maletta
Cenografia:
Ed Andrade
Assistentes:
Morgana Mafra
Juarez Dias
Iluminação:
Ed Andrade
Junior da Mata
Jomar Mesquita
Figurino:
Baby Mesquita
Juliana Macedo
Ednara Botrel
Técnico de luz:
Junior da Mata
Fotografia:
Guto Muniz
Seleção e Edição Musical:
Jomar Mesquita
Identidade Visual:
Arte&Moderna
Consultor Internacional:
Guy Darmet
Produção:
Fábio Ramos
Direção Geral:
Baby Mesquita
Apoio Eterno:
João Baptista Mesquita
Realização:
Associação Cultural Mimulus
Trilha Sonora:
Valsa pra Lua – Vítor Araújo
Nostalgia – André Mehmari
Na – André Mehmari
Improviso, Op. 27 No. 2 – Alberto Nepomuceno
Solidão n.3 – Vítor Araújo
Ouro Sobre Azul – Ernesto Nazareth
Risque – Ary Barroso
Manhã De Carnaval – Luiz Bonfá / Antônio Maria
Na Gafieira – Thiago França
Paulistana No. 1 – Cláudio Santoro
Carinhoso – Pixinguinha
Valsa da Dor – Heitor Villa-Lobos
Solidão n.2 – Vítor Araújo
Garrafieirando – Darcy da Cruz