Mimulus Escola e Cia de Dança

Do Lado Esquerdo de Quem Sobe


“’Do Lado Esquerdo de Quem Sobe’ sacode, passeia, enternece e graceja. Sempre em grande estilo.” – Miguel Anunciação – Jornal Hoje em Dia.

Release

Do lado esquerdo de quem sobe a rua Ituiutaba, em Belo Horizonte, há um grupo de galpões e a Mimulus Cia de Dança comparece a um deles diariamente. Dali acompanha o pulsar da cidade, no seu estica, encolhe e na ocupação desordenada dos espaços urbanos. Neste constante fazer, a Cia ocupa-se de forma semelhante: constrói e desconstrói, subverte, relê a dança e a vida.

Voltemos ao princípio:

No início do século XX, os negros buscam formas de se integrar a uma nova sociedade urbana e branca. Neste processo, confluem as habilidades instrumentais européias e africanas e surge o choro como gênero musical popular. Diferentes tradições musicais geram a mais genuína, brasileira e urbana das músicas. Clássicas, instigantes, despertam virtuosos instrumentistas, desafiam dançarinos na interpretação de todas as suas nuances.

Voltemos para o presente:

A Mimulus Cia de Dança identifica olhares, se orienta e se localiza Do lado esquerdo de quem sobe a rua, de quem sobe o morro, de quem sobe a história, de quem sobe o corpo.

Descobre que Yamandú Costa, além de imprimir a virtuosidade característica às músicas que toca, as faz soarem como choro, mesmo quando executa músicas que não são brasileiras. Como os negros do século passado, o compositor e instrumentista, catalisa a influência negra na música do continente latino americano à vertente ibérica do colonizador, interpreta o branco do negro e o negro do branco.

O encontro entre o gaúcho Yamandú Costa e a mineira Mimulus Cia de Dança era previsível. A sede da Cia fica à esquerda de quem sobe a rua Ituiutaba que, por sua vez, corre paralela à rua dos Pampas. E, no infinito, as paralelas se encontram, mais exatamente no lado esquerdo de quem sobe.

A Mimulus imprime um tom delicado e romântico a esse espetáculo marcado pela brasilidade e alegria do samba, pois do lado esquerdo de quem sobe o corpo, localiza-se o coração.

Faz referências aos sons que vinham das ruas, trilhadas pelos negros do final do século XIX e início do século XX, pela primeira vez em suas vidas, calçando sapatos que, se não lhe serviam nos pés desacostumados, eram dependurados nos ombros como símbolo de status e realização do primeiro sonho de consumo e da libertação. Estranho… livres, aprisionar os pés.

Revê o cantor de seresta, o realejo e os compositores e “batuqueiros” das portas das casas e bares. Traz para o cenário as pedras portuguesas que começam a cobrir nossas calçadas na mesma ocasião em que surge o choro e o samba e que, coincidência ou não, unem com tanta harmonia o negro e o branco. Brinca, corre nas ruas e joga bola nas calçadas, onde deixa as marcas dos pés.

Faz prevalecer o encontro dos corpos pelo umbigo, na busca das origens, na ligação umbilical com a terra mãe. Substitui as correntes que prendiam os escravos, por elásticos que promovem a sensação de liberdade – apenas a  sensação – pseudo-livres que são  homens e mulheres de todas as raças. E encontra a direção para subverter a brasilidade coreográfica do choro.

Relê e “desrespeita” as origens, sem perder a brasilidade e a história.  Orienta-se, fica do lado esquerdo de quem sobe, mas, de repente, porque não correr pelo lado direito de quem desce?

Críticas

“This was dance with a human face, and superhuman energy.”

“Jomar Mesquita and his Mimulus Dance Company ought to be bottled and sold as elixir. Forget about Vitaminwater and Red Bull. For an hour on Friday night at Jacob’s Pillow Dance Festival here, the sassy, charming young dancers of this Brazilian troupe filled the Ted Shawn Theater with infectious wit and energy as well as intriguing dance invention.”

The New York Times, USA – Jennifer Dunning


“’Do Lado Esquerdo…’ é mais que divertido, criativo e competente. É delicioso, irresistível. Pratica uma espécie de humor veemente, transbordante, acintosamente brasileiro.”

“’Do Lado Esquerdo de Quem Sobe’ sacode, passeia, enternece e graceja. Sempre em grande estilo.”

Miguel Anunciação – Jornal Hoje em Dia


“Até Fred Astaire ficaria emocionado. Fred certamente teria amado a ousadia da Mimulus, que dessa vez foi insuperável.”

“Jomar Mesquita, que alcança neste espetáculo lances de verdadeira genialidade, é um diretor refinado e seu trabalho consegue mesclar energia visceral, máscula, com lirismo e leveza arrebatadora.”

“Aquilo que esqueço em uma ou duas horas depois, mesmo que tenha sido saboroso, foi tão trivial quanto o último almoço. Já aquilo que fico carregando por dois, três dias, uma semana, de repente até um mês, é a verdadeira obra de arte. Porque toca fundo na nossa emotividade, operando transformações. ‘Do Lado Esquerdo de Quem Sobe’ conseguiu esse efeito mágico. Saí carregando o espetáculo e ainda estou com ele no coração.”

“Even Fred Astaire would be touched. Fred certainly would have loved the way Mimulus dared this time, simply insuperable.”

“Jomar Mesquita, reaching moments of a true genius in this show, is a sophisticated director and his work is capable of mixing a visceral and manly energy to poetry and charming lightness.”

“Things I forget one or two hours later, even if they were tasty, are as trivial as the last meal I had. Things I keep carrying for two, three days, for a week, even for a month, are a real work of art. Because they deeply touch our senses, they operate changes. ‘Do Lado Esquerdo de Quem Sobe’ has managed to create this magical effect. I left the theater carrying the show with me and I still keep it in my heart.”

“Do Lado Esquerdo De Quem Sobe” – Milton Saldanha, Dance Journal

Premiações

Teve sua estreia em 2006 e recebeu as seguintes premiações:

Ficha Técnica

Direção:
Jomar Mesquita

Coreografia:
Jomar Mesquita e Mimulus Cia. de Dança

Bailarinos:
Juliana Macedo
Jomar Mesquita
Fabiana Dias
Daniel Vidal
Fernanda Nogueira
Bruno Ferreira
Nayane Diniz
Welbert de Melo

Cenário:
Ed Andrade

Assessoria Cênica:
Júlio Maciel

Cenotécnico:
Joaquim Pereira

Iluminação:
Leonardo Pavanello

Fotografia:
Guto Muniz

Preparação Corporal:
Tíndaro Silvano
Orlando di Paula

Figurino:
Coordenação: Baby Mesquita

Assessoria:
Ronaldo Fraga

Costureiras:
Vânia Lúcia Correia da Silva
Nilza Vilela

Sapatos:
Paulo Moraes

Apoio geral e irrestrito:
João Baptista Mesquita

Produção Executiva:
Fábio Ramos
Amora Produções Artísticas

Consultor Internacional:
Guy Darmet

Direção Geral:
Baby Mesquita

Realização:
Associação Cultural Mimulus

Trilha Sonora:
Gauchinho – Rubens Leal Brito
Duerme Negrito – Popular, Atahualpa Yupanqui
De Camino a la Vereda – Ibrahim Ferrer
Brejeiro – Ernesto Nazareth
Cravo bem temperado / Preludio II – J. S. Bach
Preludio n. 3 – Heitor Villa Lobos
Rosa – Pixinguinha / Otávio de Souza
Bem e o Mal – Dudu Falcao; Danilo Caymmi
Taquito Militar – Mariano Mores
Flamengo – Bonfiglio de Oliveira
Disparada – Geraldo Vandré e Théo de Barros
Conversa de Botequim – Noel Rosa e Vadico
Samba Meu – Yamandú Costa
Vou Deitar e Rolar – Baden Powell; Paulo César Pinheiro
Execução: Yamandú Costa

Outros sons:
caixinha de música (realejo) e percussão de sacos plásticos (tocada pelo público)
Rosa: gravação especial, cantada a cappella Voz: João Baptista Mesquita; preparação vocal: Ernani Maletta